O Santos começou a temporada num clima de instabilidade, com as críticas da torcida ao técnico Adilson Batista. Ele durou apenas 11 jogos - contando Libertadores - e logo foi demitido. O time só embalou com a chegada de Muricy Ramalho, depois de breve período sob o comando do interino Marcelo Martelotte. O título deste domingo vem coroar o trabalho do time praiano. Aliás, que time! Repleto de estrelas consagradas como Neymar, Ganso e Elano, a equipe ainda contou com o bom desempenho de Danilo, Maikon Leite e o goleiro Rafael. Jogadores menos badalados, mas fundamentais para a conquista deste taça, a 19ª do estadual na sala de trofeus da Vila.
Veja no vídeo acima todos os gols da campanha do Santos no Paulistão.
O caminho do Peixe até o título, claro, teve suas pedras. Lesões, trocas de técnicos e muita especulação sobre o futuro dos atletas santistas. A equipe superou obstáculos dentro e fora do gramado de antes da estreia até o apito final do árbitro Luiz Flávio de Oliveira neste domingo. O santos teve estatísticas inquestionáveis: 14 vitórias, 6 empates e apenas 3 derrotas, além de 38 gols marcados.
GALERIA DE FOTOS: As imagens da vitória santista na Vila
Jogadores do Santos comemoram o título paulista na Vila Belmiro (Foto: Agência Estado) Arrancada avassaladora
Sob o comando do técnico Adilson Batista, o então campeão estadual não contou com suas principais peças no início do Paulistão. Com quatro jogadores disputando o Sul-Americano Sub-20 pela Seleção Brasileira - incluindo Neymar -, Ganso se recuperando de uma grave lesão no joelho esquerdo e Elano ainda sem condicionamento físico suficiente, sobrou a responsabilidade para o trio ofensivo Zé Love, Keirrison e Maikon Leite. E eles não decepcionaram na estreia. Marcaram quatro gols na
goleada por 4 a 1, fora de casa, sobre o Linense. O Santos começou o estadual de 2011 como fechou o do ano anterior: líder e avassalador.
Camisa comemorativa do Santos à venda
E não parou por aí. Na sequência, nova goleada do Santos. Dessa vez um
3 a 0 sobre o Mirassol, já com a presença de Elano. O meia jogou bem em seu retorno, mas foi ainda melhor na terceira rodada.
Elano brilhou contra o Grêmio Prudente. Fez dois gols na vitória por 4 a 2. E foram apenas os primeiros do meia, que viveu fase de goleador no Paulistão e, além de levar a taça, conquistou a artilharia da competição - fez 11, assim como o corintiano Liedson.
Elano vibra com seu gol diante do São Paulo. Foi o quinto dos 11 do artilheiro do Paulistão (Foto: Ag. Estado)
O ápice da arrancada inicial do Peixe foi
contra o São Paulo. Pela quinta rodada, Elano balançou a rede do rival já aos dez minutos de jogo. Apesar de o Tricolor ter dado trabalho e finalizado mais – 17 a 10 - , prevaleceu a eficiência santista. No rebote de um chute de Elano, Maikon Leite sacramentou o triunfo: 2 a 0.
Queda de rendimento e saída de Adilson Batista
Ainda invicto, mas já na vice-liderança, o
Santos encarou o Corinthians com Neymar no ataque. No entanto, nem o retorno do camisa 11, que esteve defendendo a Seleção sub-20, nem um golaço de Elano salvaram a invencibilidade do Peixe (
veja vídeo ao lado). Em jogo marcado pelo adeus de Ronaldo, o Timão venceu por 3 a 1. Mais para frente,
o time praiano teria sua revanche na final, mas, no momento, a derrota empurrou a equipe para o quinto posto e deixou o ambiente nada confortável.
Daquele futebol dos jogos iniciais, ofensivo, goleador, via-se apenas lampejos em campo. A torcida questionava bastante o técnico Adilson Batista. Uma
faixa com dizeres contra o treinador chegou a ser afixada em um tradicional reduto santista. Adilson não resistiu ao
empate em 1 a 1 com o São Bernardo, na Vila Belmiro. Escutou os xingamentos no estádio e o
anúncio de sua dispensa em reunião com o presidente Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro.
Longo comando interino
Com um clima tenso na Vila Belmiro, o auxiliar Marcelo Martellote assumiu a chefia do time interinamente. E como durou o período dele à frente do banco de reservas. Mais de um mês de muita especulação, principalmente
em torno de Muricy Ramalho, que deixou o Fluminense pouco depois da demissão de Adilson. Foram nove jogos – 7 pelo Paulista e 2 pela Libertadores – e aos poucos Martelotte acertou o time. Com aproveitamento superior a 60%, o interino viu seu nome ser cogitado para tomar o posto de efetivo.
Ganso gol santos (Foto: Ag. Estado) Martelotte contou com o reencontro de Neymar e com o gol. Depois de receber folga no Carnaval e
curtir a folia em Salvador e
no Rio de Janeiro, o atacante voltou a brilhar com a camisa do Santos. Ele fez dois gols e deu uma assistência na
goleada por 3 a 0 sobre a Lusa. Para melhorar, depois de 199 dias no estaleiro, Paulo Henrique Ganso voltou a jogar no melhor estilo do camisa 10. Fez um gol e deu um passe para Elano marcar outro na
vitória por 2 a 1 sobre o Botafogo-SP.
O Santos ainda
caiu diante do fraco Bragantino - uma derrota por 2 a 1. No entanto, liderado por Ganso, o Peixe recuperou o rumo,
superou o Mogi Mirim e
o Ituano, mesmo com a ausência de Neymar e Elano em Itu, selecionados para o amistoso do Brasil contra a Escócia. Só não passou pelo Palmeiras.
A arte de Neymar não foi suficiente diante da garra de Kleber. Com um único gol, o Verdão venceu na Vila Belmiro. Dois dias depois, foi confirmado o que todos já esperavam:
Muricy encerra férias e é anunciado como técnico principal do Peixe.
Invencível Muricy
Já com a classificação para a fase de mata-mata assegurada, o desafio do novo comandante era fazer o time avançar na Libertadores. E ele conseguiu. Com Muricy no banco, o Santos não perdeu nenhuma partida. No estadual, só foi levar o primeiro gol já nos minutos finais da decisão na Vila. Era o toque que faltava para o Peixe deslanchar.
Terminada a primeira etapa do Paulistão em quarto lugar, agora o time não podia mais vacilar. Nas quartas de final do Paulista, a Ponte Preta foi o adversário.
A Macaca fez um jogo duro, mas escorregou. Deu espaço justamente para Neymar, o que é sempre fatal. O astro acertou um belo chute no ângulo e levou o time praiano às semifinais.
Mais de 40 mil são-paulinos tomaram o Morumbi e viram um
passeio do Santos na semifinal. Com uma alteração crucial de Muricy no intervalo, o Peixe mudou a história do jogo, que caminhava para um 0 a 0. O trio Elano, Ganso e Neymar mais uma vez fez a diferença, mostrou muita qualidade no gramado e, com dois gols, despachou o rival.
Chegada a hora da decisão. Com a defesa santista impecável, fica difícil bater o Peixe. Até mesmo para o Timão. Se na primeira fase o Corinthians venceu por 3 a 1, não encontrou brechas no jogo de ida da final. Ao menos, também não foi vazado.
Um duelo igual no placar, mas com um resultado nada bom para a equipe praiana:
Paulo Henrique Ganso lesionou a coxa direita ainda na etapa inicial. O Santos foi para o “tudo ou nada” sem o seu maestro.
A decisão ficou para a Vila Belmiro. E foi aí que Neymar mostrou que já não é mais uma promessa - é realidade. Sem Ganso, o atacante comandou a vitória por 2 a 1 sobre o rival Corinthians - Arouca abriu o placar, Neymar fez o segundo e Morais descontou.
O Peixe ainda sofreu pressão no fim, mas acabou garantindo seu 19º título paulista na história.
Neymar e Ganso, emocionados, comemoram o título na Vila (Foto: Tiago Queiroz / Agência Estado)